30.9.08

O lápis azul


A.B. embora seja um blog do povo não rejeita a sua oportunidadezinha de fazer uma incursão pelas élites.
Mais que não seja para ter a oportunidade de enriquecer o seu anedotário.
E assim lá foi á apresentação do livro do "bem na vida que nao quer nada da politica aposta na cidadania,bla,bla,bla" também conhecido por Marques Mendes.
Lá estava o jet set do PSD em peso procurando não escapar ás camaras de televisão que por lá perambulavam.
Então do "Ferreira Leitismo" era um ver se te avias todos ansiosos por demonstrarem ao ex lider que ali estavam de calhamaço debaixo do braço e pena na mão á cata do autografozinho.
Não que a história pode desandar e alguns não sabem fazer rigorosamente mais nada...
Mas entre eles destacava-se,mais que não fosse pelo ar abandalhado,o famoso Marmelo da Marmeleira que de cabelo ao vento e blazer a pedir lavandaria debitava os habituais bitaites tão ocos como desejados por quem faz de pequenos grandes politicos.
Nota:Não é piada para o "Pai da ética,inventor da transparência,caça arguidos" também conhecido por Marques Mendes.
Pois o Marmelo,de cabelo ao vento,camisa aberta tipo merceeiro e ar sabichão que costuma apresentar frente ás câmaras de televisão lá debitava a mais espantosa das teorias deixando adivinhar entre o cabelo e a orelha um lápis azul de outros tempos:
"O problema não é apresentar ideias,nem ter ideias divergentes,o problema são as intenções por detrás das ideias...".
A.B. não pode garantir que as palavras fossem exactamente estas porque apenas ficou com elas de ouvido.
Mas pode garantir que era esse o sentido.
E garante de certeza absoluta que nunca o Marmelo se definiu tão bem a ele próprio querendo falar de terceiros.
De facto quando se quer apontar um dedo a alguém ficam quatro virados para o próprio...

Um comentário:

Gaspar Ferreira disse...

O Dr. MM é um personagem que sempre me intrigou.
Claro que eu – com Vossa licença apresento-me - não passo de um velho comerciante, antigo proprietário de um conhecido estabelecimento de pronto a vestir, fazendas e passamanarias, que servi lealmente a minha clientela durante mais de 30 anos, não tenho a veleidade de ter os conhecimentos que me permitam medir a extensão da sabedoria deste Senhor, ou comentar como certos intelectuais que para aí andam a sua carreira literária.
Mas, já quanto aos tecidos e adereços, outro galo canta, e não tenho receio de pedir meças a qualquer um na praça de Lisboa ou outra qualquer.
Ora acontece que fui eu que estive na origem da ascenção do Dr. MM – na verdade tive a honra de vender a primeira roupa quando chegou de Fafe e o aconselhei a trocar as camisas Triple Marfel por óptima popeline.
Depois foram os fatinhos e gravatas. Tudo muito equilibrado, cinzento e azul escuro, pois era pessoa de gostos muito discretos (que nada fazia ainda adivinhar a carreira). Para os sapatos recomendei o meu amigo Fernandes da Sapataria Nogueira, pois tinham que ser por medida com cunhas interiores em vez dos vistosos saltos altos que não lhe iam bem com a imagem e criavam problemas ao cair natural da calça.
Com o tempo a relação foi-se estreitando a ponto de me confidenciar, por vezes, a sua visão sobre os grandes problemas do País e do Mundo. E eu admirava-me com a energia interior daquele Homem, tão económico na fazenda e tão grande no espírito.
Ganhámos confiança e amizade até que um dia, conversando sobre as misérias da nossa política, me disse :
- « Ó Gaspar, sabe qual é o verdadeiro problema de fundo? [eu aí retive a respiração, pois ia , finalmente, beber directamente da fonte] - É que estes tipos não percebem nada de política. Antes, se não fosse eu a fazer-lhes os discursos (segredo bem guardado pelo Prof. Cavaco e pelo Dr. Barroso, confidenciou-me), era só asneiras ! E veja agora – sem mim - Drª Manuela é um desastre total. »

Eu, embora grato pela confiança que em mim depositou neste dasabafo, ainda retorqui timidamente
– « Mas o Sr. Dr. não lhe podia dar uma mãozinha, para o bem do nosso querido PSD ? »
- « Eu ? E para quê – ela não fala ! E mesmo que falasse não valia a pena gastar o meu latim »
- « Mas, retorqui polidamente, O Sr. Dr. sempre podia, não sei, numa conversa a dois, sugerir uma saída, uma ideia, alguma solução para melhorar a imagem do nosso partido, para nos salvar desta angústia em que o povo está. Disse-me um amigo meu que é tipógrafo e leu o seu livro, que o Sr. Dr. põe tantas exigências que nem parece ser do nosso partido !»

- « Ó Gaspar, você, também não percebe nada de política !».

Gaspar Ferreira